Ele acordou às dez da manhã, ligou o aparelho e pôs pra tocar o Arnaldo Baptista.
Foi até a cozinha preparou o café, passou pelo pequeno corredor em direção à sala.
Sentia-se maior e mais maduro. Estufava o peito, engolia a
poeira do apartamento e cuspia sua nova percepção de mundo. Seria mais um Loki?
Arrastou a cadeira e sentou-se. Logo voltou o olhar para a
janela, cansou de tantas especulações. Nem bem se levantara da cadeira, a tia
entrou toda animada pela porta.
-Parabéns! - Disse a
tia.
-Não vai falar nada?
Continuou ela.
-Ah sim, obrigado! Ele respondeu meio desanimado.
-Quantos anos mesmo?
-Vinte...
-Adivinha o que eu trouxe pra você?
-Uma camisa?
-Não. Mas acho que você vai gostar...
A tia entregou um embrulho nas mãos dele, que parecia
surpreso.
-Um livro do Leminski! Gritou ele.
-É sim, você gosta desses loucos marginais, tal o bukowski né? Perguntou a tia.
-Gosto sim! Muito obrigado! Falou ele cheio de sorrisos e olhos infantis como de quem ganha a primeira bicicleta.
Nem bem pegou o livro, sentou-se no chão e passou a
folheá-lo.
O tempo corria em minutos e ele fitava as primeiras páginas soltando risos contínuos com as estrofes.
A tia sentou na cadeira e ficou calada por um tempo observando
a cena. Foi quando viu mais um riso e então falou baixinho:
-É um dia novo... Vinte anos ranzinzas por fora, Mas não
passa de uma criança louca por dentro.
Talbert Igor
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