domingo, 18 de novembro de 2012

UM PAPO CALMO




O homem parece não se importar mais com a calvície dos dias,
Entrega-se ao tempo como quem se entrega ao descanso da cama.
O homem mapeou suas pegadas
Pegou suas palhas,
Juntou angústia em sacos
Sentiu os chiados do corpo por ver laranjeiras murcharem.
Seu tempo desaparece lentamente em estradas de barro.
Senta em nuvens pesadas, para e olha o que é vago.
Sente o clima psicodélico do velho Lula.
Retira pedras da cabeça e cria seu muro...
Lembra-se da infância, linhagem e palavras patriarcas:
-A nós todas as xícaras de café que nos são de direito beber!
Ao menos deveria ser assim...


                Talbert Igor

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ENTRE O PONTAL E VERA CRUZ


Em sua estrada me lanço e chego nessa terra que tanto inspira.
Formigas trabalham e seguem nessas idas e vindas, besouros sobrevoam nossas cabeças.
Do lugar em que espero, procuro boatos novos, aspiro o perfume dos ventos noturnos. 
Sinto o que nunca tive e recorro ao imaginário.
Nossos tempos já são outros...
Chego aos casebres semeando desgraças e seguindo a história que se desenvolvera.
Procuro à harmoniosa partitura que dança por entre o Pontal e que dizem se espalhar por todo resto.
As mulheres cheiram ao mistério e lançam seus feitiços para olhos alheios.
Invejo aos velhos que curam seus corações solitários no silêncio dessas árvores.
Viro luz na lua e sigo à cancela Vera Cruz laranjeiras.
Atravesso cortando candeias adentro a velha fazenda,
Logo, logo o sol surgirá nos coqueirais.


                   Talbert Igor

terça-feira, 13 de novembro de 2012

FOTOS, PÃES, CABELO E BARBA





Comprar Cigarros, pães, cervejas, canários...
Pagar a primeira prestação do sapato novo,
Fazer uma nova carteira de trabalho,
Dar banho e comida ao gato, tirar fotos 3x4.
 Ir ao banco, ligar para Helena e confirmar as passagens,
 Pagar milho, água, café, empregada, fazer cabelo e barba.
Ligar, vender, comprar AH!
-Planejar um dia de folga já foi trabalho simples...


                Talbert Igor

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

FEIRA DE URUBUS




Adentro uma quarta, final de feira.
Pás sobre a noite,
Pés beijam a calçada orgânica.

          ... Sombras descalças entre restos de negócios.

Mãos por sobras cuspidas e catadas,
Fingem saber rastejando por comodismo.
O velho recolhe percebendo movimentos,
Chora a criança, berros atravessam  o gelo noturno,
Olhos derretem em lágrimas Thermais...
A esperança voa em sacolas plásticas,
Respira fumaça e alimentam-se por decomposição.
Atravessam ruas à procura de tesouros,
Contam paralelepípedo através de carroças.
Voar por negras penas é vigiar-se entre velhas árvores.
Esperam um domingo para entrar em cena...


         Talbert Igor

domingo, 11 de novembro de 2012

CANECA DE CHÁ




                                                        


Quando tu apareceres distribuindo belos sorrisos,
Direi que não sou o mesmo.

Aprendi a olhar o céu e ver estrelas problemáticas.
Fitei-me por vento e lembranças,
Tempestades já não me paravam... Nem chuviscos desatentos.

Quando tu apareceres caminhando pela rua
Contarei distorções em sonhos,
Medos verdadeiros e verdades duvidosas.

Chegará o dia em que verás a poeira sobre meu corpo
E a matilha cortando bairros inteiros.

Quando tu pisares no território
E eu já não tiver ao teu alcance,
Não chores nem cuspa angústia em seu peito.
Fique com histórias dos dias terceiros
... Das terças de brisas marítimas.

    

                       Talbert Igor