Alguns senhores da burguesia da cidade se reuniram para um
leilão de antiguidades. Dentre esses, o
senhor Falcão, um homem rico e conhecido por todos por sua avareza, ganância e
orgulho, estava presente na ocasião e acompanhado por suas duas jovens e
cobiçadas sobrinhas.
O leilão começou e Falcão não se interessou muito pelo que
viu nem pelos objetos disputados em questão.
-Uma velharia que qualquer um pode ter. Só na minha outra
fazenda tenho vários desses quadros. Não
irei gastar meu dinheiro com essas baboseiras. - Comentou Falcão com uma das sobrinhas.
Quando ele terminava de dizer essas palavras, o leiloeiro
anunciou:
-Senhores, temos aqui uma bela coleção de moedas. Uma beleza
rara!
Logo os senhores começaram a ditar seus preços:
-Um conto! - Gritou um senhor do fundo do salão.
-Três contos! - Gritou outro senhor.
-Quatro contos de réis! - Berrou o Falcão.
- Cinco contos! - Falou
um cavalheiro que estava ao lado de Falcão.
Falcão, vendo as moedas, lembrou-se de quando era criança e
de sua coleção de moedas.
Ele, logo não perdeu tempo, e vendo que poderia esbanjar seu
dinheiro e poder, entrou na disputa e berrou:
-Seis contos!
Já sonhava com a coleção de moedas em sua estante de vidro.
Os outros senhores pararam por um tempo, em sua grande
maioria, e iam desistindo da disputa pela coleção de moedas. O lance, só por
algumas moedas, já estava ficando muito caro. Dessa maneira, nessa disputa
restaram apenas Falcão e o cavalheiro que estava sentado ao seu lado.
O Cavalheiro do lado exclamou mais uma vez:
-Dou sete contos!
Falcão ficou uma fera. Apertava as mãos e não parava de
bater com o bico da bota no pé da cadeira. Ninguém nunca tinha ido tão longe a
desafia-lo dessa maneira.
-Como pode ser tão atrevido? Agora virou uma questão de
honra. Conseguirei essas moedas custe o que custar! - Cochichou o orgulhoso Falcão.
-Mais alguém, senhores? - Falou o leiloeiro.
Falcão levantou-se da cadeira e berrou mais uma vez:
-Dou oito contos!
Todos os outros senhores que estavam no salão pararam para
observar a disputa acirrada.
O cavalheiro não ficou para traz, e abrindo um grande
sorriso, falou:
-Nove contos!
Era o ápice da raiva de Falcão. O homem começou a morder os
lábios e ficar com a face avermelhada. As sobrinhas, percebendo a situação,
tentaram acalmar o tio, mas de nada adiantou muito.
Mais uma vez o leiloeiro falou:
-Mais alguém, senhores? Alguém? Dou-lhe uma, duas...
Antes que pudesse dizer três, Falcão berrou:
-Dou nove e quinhentos!
Nem mais um segundo e o outro cavalheiro disse:
-Nove e setecentos!
Falcão não se intimidou:
-Nove e oitocentos.
Era seu último lance. Já estava ficando sem dinheiro, e
percebendo pela feição do seu adversário, podia jurar que as moedas seriam
suas.
O leiloeiro também. E vendo que aquele lance chegara ao fim,
já ia batendo o martelo. O cavalheiro deu mais um lance:
-Nove e novecentos!
Todos no salão esperavam o fim da disputa e até o próprio
cavalheiro, pois este já comemorava a vitória.
Antes que o leiloeiro batesse o martelo, Falcão falou uma
coisa improvável:
-Dou dez contos e ainda dou mais. Ofereço a mão das minhas
duas sobrinhas!
O cavalheiro desistiu da disputa, pois já estava sem
dinheiro, e percebendo a sede de Falcão por tais moedas, não fez muito caso.
Apenas estendeu a mão em direção a Falcão e disse:
-Parabéns. Agora apenas aprecie o sabor e a luz desse metais.
-Parabéns. Agora apenas aprecie o sabor e a luz desse metais.
Já Falcão foi receber o disputado prêmio, e nem quis saber
das sobrinhas nem de mais ninguém. Pegou sua caixa de moedas foi para casa e
chegando à varanda sentou-se em sua cadeira de balanço e ficou se admirando com o brilho dos metais, rindo que
parecia uma criança.
Talbert Igor
(Parafraseando uma anedota Machadiana/2012.2.)