terça-feira, 20 de maio de 2014

UM DEUS, UMA IDEIA



O deus pagão morreu no cume da montanha,
Aleijado de idéias e traído pelo berro da canção
Sucumbido pelo visgo amargo da peçonha
Como numa estória medonha ramificada pelo chão.

Nas artérias e nos rastros que o globo deixou
Nos quilômetros da mente traduzidos em calmaria
Que a natureza volta a cobrar nos sais de avaria
Pois nas cousas corriqueiras a carne fraternal passou.

O anjo torto combateu duramente sete vezes o mau agouro
E buscando o corpo pagão que jazia além das terras ao norte
Partiu do extremo voo rasante para um desfecho vindouro
Onde o equilíbrio de seu mestre tragicamente encontrara a morte.

O filósofo tolo divulgava as correntes asquerosas do mal
E de todos os mapas que o zodíaco expelira
Os homens ofertavam fertilidade dançando a Lyra
Sobre as tempestades incertas que cercavam Baal.

Então a romaria seguiu por todo o sempre semeando nova aurora
Surgindo em novas cabeças e se espalhando por novas canções
Pois o deus que zarpara em trilhas lamacentas de outrora
Ressurgia na estória pagã doutro ser em repetidas ações.

Os homens traem-se amistosamente e continuam a perpetuar a mazela.
Brindam com canecas de palavra e pratos de ideia,
Dividem em partes desiguais as partes da pangeia
Adorando formas de espiral e deuses remanescentes do ar.




Talbert Igor