sábado, 21 de setembro de 2013

VERTIGEM



Pois vá, criatura abissal!
No cume do costume escapado
Na herança corrente do gene esticado
Na pata oca de um dia normal.

Arranque a daninha flutuada dos corredores
Através da cor serena que fita calada
Na folha seca duma epiderme escura – alada
Chegando ao ápice nostálgico das dores.

Motor no peito d´aço sob duas rodas de lambreta rubra
Outro que avança em montaria quadrúpede arrastada
Em crivo que desmede no alarde acorrentado da estrada
Figura bestial em refugar de dupla linha recubra.

No cascalho de palavra registrada
Em fábula de fazenda aludida
Nas mestras águas de geração punida
Em gesto ecoado de filhos errantes.

Miocárdio atacado por fumaça dos anos operantes
Circuito queimado em via entupida
O corpo que cai em solo sentido da vida,
Músculo paralisando seguindo até que se derrame.

Largura em bigode e calvície que não foram conhecidos
Larva aventureira em terras decimais do nhô
Livre em eclipse mucoso na penumbra d´um avô
Levando célula coxa em sinais agradecidos.

         

             Talbert Igor

terça-feira, 10 de setembro de 2013

PASSERIFORMES


Ave depenada,
Chutando o balde da semana,
Aspirando vento lúdico.
Na pata de embriaguez
Sugando cristal de cevada
Almeja pecado sólido,
Arrastando-se por entre os anos.
Ave de tutano escasso do osso
Abortando luz na fenda do crânio,
Fazendo rastro curto por patas de gancho.
Voa, ó mazela alada!
Espalhe as penas que lhe restam
Sobre o terreno tardio das áreas;
No fruto que bicas, nas gotas que migram.
A mudança do vento lhe atravessando
Entre o olhar da criatura
E o acidente que encontra nas partículas em suspensão.
Descansa em galho celestial,
Na crosta de cores que carregas.
Elevada nas rotas de migração,
Na praça de migalhas trigadas.
Do trio travado ao fio de poste
Arais caminhados na corrente de plumas;
No arrulhar das ruas sombreadas.
A notícia se espalhando por folhas
Do elemento esticado na calçada,
Entre bando de norte performático,
Na morte de bandos avoados,
Por ser copia dentro do coletivo.
       


                Talbert Igor

terça-feira, 3 de setembro de 2013

É FÁCIL - ARNALDO BAPTISTA (LOKI? - 1974)



                                         É FÁCIL - ARNALDO BAPTISTA (LOKI? - 1974)


Foi preciso ter coragem artística e engajamento para achar uma porta em direção a uma saída dessa situação. E foi isso que Arnaldo Baptista fez. Ele conseguiu captar todas as mazelas que tinha e numa “metamorfose – artística – espacial e atemporal” deu vida a uma obra prima, resultando tudo isso num dos álbuns mais impactantes da música popular brasileira. “Loki?” se tornou um clássico justamente por ser único e segundo o próprio Arnaldo, nesse disco está contida toda a sua essência.