domingo, 17 de março de 2013

O VÔMITO DO GATO




O gato vomita satisfações em lã, pelos e lambidos de vaidade
Em movéis acostumados com arranhões, cochilos e miados.
O felino é autossuficiente e descansa garras em plumas
Faz coisas improváveis só para ver a desordem dos cômodos.
Os músculos quebram conceitos afinando definições,
Seus ares correm por telhados e muros velhos
Passando por aquela rua com cheiro de flores de cemitério.
Aos cantos, esperam a zabumba, sinos, fitas em busílis.
Cortando o silêncio da noite, voltando-se para retinas
Olhos aguçados ao preto do velho Edgar
E os gatos com miados de vidas, vomitando nebulosas binárias.


     
  Talbert Igor

segunda-feira, 11 de março de 2013

ZARATUSTRA ENCONTRA BRUNNUSDOVAR



Em prados noturnos Zaratustra distribuía pegadas
Fitando montes entre morros dos homens
A fonte de serpentes na sombra dos seus animais pairava.

Zaratustra parava em cantos para saciar a fome de mito milenar.

Das moitas de mato Zaratustra ouviu a voz amaldiçoar em olho de tempestade.
Das estradas e do frio sedento dos mortuários ao cortar o ar,
Olhando para a figura encolhida, Zaratustra observou a sanidade.

Encostado às rochas, ria sozinho o rancoroso Brunnusdovar.

Zaratustra fitou o homem com palavras de orações e aspecto.
A terra ouvia cantando para toda cidade penosa
Sua águia lançou uma pinha e fez um juramento
Jurando que o santo era o jumento.

Observando os animais naquela cena ociosa, ria o sábio Zaratustra.

Brunnusdovar vendo a ação dos animais,
Deixou seus ares tumbais,
Pôs a contar uma história sobre o astro decadente.

Já não se via mais tanta verdade sobre o céu da noite.

Zaratustra deixava a imagem sorridente,
Colocando a disposição do homem o ouvindo.
Brunnusdovar sentou-se lentamente e passou a contar o seu zumbido.

Morria de surdez o violeiro.

Brunnusdovar falava das correntes de vento e esperava conclusões dos seu males:
-Agora direi o que se passou em sonho.
Zaratustra, cuspindo silêncio, concordou em ajudar ao homem.
Então ouviu-se a história:
Acordes alucinaram por noite, aniversário e entranhas da caatinga.
Os passos e voltas esqueciam discussões vagas e no final amanheciam acordados.
Um dos homens cuspiu baixo ao outro – Me sinto uma montanha!
Um dos irmãos foi encontrado na praça central da cidade e junto a ele pedais de estradas arenosas, um blues vagabundo e rico de tão simples, um alcatrão e outra garrafa de leão do norte.
Zaratustra olhou para os lados e encontrou argumentos em uma lição improvisada que saltou das brisas de árvores.
Nesse ponto da história, Zaratustra interrompeu Brunnusdovar e falou:
-O significado de tal sonho está entre a ligação dos irmãos ao liquido de embriaguez e as lembranças solúveis das semanas. Não se esqueça da distorção das cordas do velho Di Giorgio. No som você encontrará o caminho dos ares.
Brunnusdovar calou-se por certo ponto digerindo as palavras e viu as respostas nas retinas da águia.
Zaratustra observando que ele já encontrava seus tesouros falou:
- Ainda permaneces calado. Continuas infeliz?
Abras os olhos e respire história!
Faças das tardes seu alimento e viva de madrugadas.
Os melhores pés caminham em estradas de noites nubladas.

       

                                   
Talbert Igor