quarta-feira, 22 de maio de 2013

ORÁCULO ATEMPORAL




Parafuso de cabelos negros
Percorrendo tabuleiros em areais da caatinga
Saia de menina dançando ao vento,
E o vento beijando o negro das ondas.

Mourão de candeia  a guardar calmarias de laranjeiras
Aves raras pairando sobre nuvens de minha infância
Porteiras em rodopios folheados aos corredores
E o corredor da memória me escapando outra vez.

Náufragos matemáticos em paredes escolares
Terra ao acalanto de pés descalços
Surras, futebol, montaria e palidez
Visão sobre montes de cascalhos galopa.

O sol morre aos cantos do curral
Enquanto vacas mugem  sobre licuris e cajazeiras;
Assim surge o lampião em verticais de taipa
E o vento silencia em madrugadas estreladas.

     

Talbert Igor


terça-feira, 14 de maio de 2013

RESSACA


Conjugo os segundos do dia
Perdendo os detalhes neurais das ruas
E a distração corre em olho nu.
Componho  silêncio da ação;
Posso ver dedos mutilados
Esquecendo o propósito de palavras frias.
Lembranças elevam-se a chumbo
Enquanto a chuva castiga telhados
Liquidificando o vento de tapeçarias.
Quando paro em calçadas
Posso ouvir de bocas oriundas:
-Um homem é tudo aquilo que ele conseguir absorver.
In iterum risit madcap.
Talbert Igor