sábado, 29 de junho de 2013

FIANDEIRA



Fiando cantigas e gerações
Tecendo peças de murmúrios
Anfíbio que surge em paredes gélidas
Aracnídeo solto no tempo engrenado.

Escapou as extremidades da seda
Viu o homem perder seus fios de sede
Pios de ave aos cantos acuados
Sentiu, suou, saiu, em si, sentou-se.

Globo negro esvaindo palidez na ponta dos dedos
Saliva a vontade e desejos
Agulhas em poros e cabelos
O corpo sereno no cansaço de algodão alumiado.

Lamparina ao fundo dos olhos matriarcas
Lunetas refletidas em emoções de máquinas
Lira das semanas em passadas enraizadas
Silêncio comungado em teto peçonhento.



                       Talbert Igor 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

EPÍGRAFE


Escale, ó grande elefante branco!

O amargo do vento
A cara sem vida,
O olho agoniado
A convulsão de massa
E as poucas palavras.

Veja,  ó pé de concreto histórico!

Psicografia das margens.
Desabafos em paralisias
Silêncio conjugado
Disfarces repetidos
Odor da própria carniçaria.

Cale-se diante da paisagem, ó cacto central!

Sabendo a estória do comboio de corda,
O rastro lento é agressivo.
Entre passadas arrastadas,
Mostra-se interesse em poeira
Na espera doentia de um quasar.

-É interessante o desejo que possuis em desgraças familiares.


Talbert Igor