sábado, 29 de junho de 2013

FIANDEIRA



Fiando cantigas e gerações
Tecendo peças de murmúrios
Anfíbio que surge em paredes gélidas
Aracnídeo solto no tempo engrenado.

Escapou as extremidades da seda
Viu o homem perder seus fios de sede
Pios de ave aos cantos acuados
Sentiu, suou, saiu, em si, sentou-se.

Globo negro esvaindo palidez na ponta dos dedos
Saliva a vontade e desejos
Agulhas em poros e cabelos
O corpo sereno no cansaço de algodão alumiado.

Lamparina ao fundo dos olhos matriarcas
Lunetas refletidas em emoções de máquinas
Lira das semanas em passadas enraizadas
Silêncio comungado em teto peçonhento.



                       Talbert Igor 

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