quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

CERTO PRIMATA



Um macaco adestrado,
Trancado em paredes de concreto
E que aprende as artimanhas de desviar em veículos.
Por entre encontros de chave, porta maçaneta,
Trinca palavras distribuídas em olhares
Mamífero velho e ranheta das esquinas e polegares.

Seguiu, Apertou a descarga, fazendo certo BAARUULHOOOooo... Via estórias em telas e pensamentos.
Pôs os olhos para a janela e viu um passarinho azul... Pegou sua fotográfica 360°.
Shiva em pena leve e a canção de Sarasvati invade o martelo da vizinhança.
-Macaco que pula muito leva chumbo...
Acho que um primata sabe quebrar o clima de vez em quando.
 
                 Talbert Igor


domingo, 13 de janeiro de 2013

MOCHO-DIABO (STRIGIFORMES 270º)


  


O reflexo de eco em líquido bizarro,
Explode lento em sentimento podre escuro
De piado em bico raso, carne e barro.
É a leve pena da Deusa mística de paladar noturno.

Filha e luz da rocha em globos oculares
Cabeça adivinha dos sinistros mistérios
Devora egos em rastro frios dos ares
Reina fina paciência de nuvens em critérios.

Silêncio de olhos que observam fina capa d´alma
Jogo doentio de instinto natural do além-breve.
Terra, grau e galhos em neblinas se atrevem,
Falam por calma em corpo estático.

Ave solitária dentro da predadora sofisticada
Chamam-te Strigiformes ó Mocho-Diabo alado.
Não precisas de falatório, planetária nem Muscarias,
Esticada entre tal bailado, o que tu fazias?
São os olhos que apenas observam calados.
                     

                     Talbert Igor

sábado, 12 de janeiro de 2013

PRECE DE BAR (TEMPLO DE UM MANDRIÃO)



Carreguem para além dessa portas mofadas e direcionem os cascos ao líder dessa taverna.
''Vê tais corpos sedentos a rastejarem por toda cidade?
São as células que precisam respirar malte e petiscar outros passos em calçadas.''
Espalhe o doce veneno aos servos do templo e terás criado um desabafo de liberdade.
Eis que surge o salivar alcoolizado! E como dizia o sábio pé-de-cana:
-São as pequenas doses! UP IHIP TZSSS... São as pequenas que nos animam.
Entre mesas e cantos, há sempre um baderneiro querendo à atenção de todo o resto.
A este, o trigo é um peso esmagador e traiçoeiro.
Um homem levanta o dedo e pede por primeiro:
-Ei garçom, mais uma cerva gelada!
O homem encorporado por um par de botas segura seu jarro de espuma e palitando os dentes escuta o outro bota cuspir:
-Zé, seu pudim de cachaça! Pare de beber!
-Um homem não pode ser feliz ao menos uma vez na vida? Quero viver meus momentos líquidos.  Berrou o homem.
''Ao menos se tivesse mais algum dinheiro...''     O homem  pensou e teve uma ideia.
-Ei Tonho?
-Diga meu compadre.
-Pode me emprestar vinte mangos?
-Mas você nem me pagou o do mês passado... Não me venha com conversa nem calote não!
-Vamos lá meu compadre. É só dessa vez... Preciso matar minha sede. Ninguém escapa desse calor.
-É o calor... Te empresto só dessa vez. Semana que vem quero tudo na minha mão.
-Claro que sim Tonho. Você sabe que mora no meu peito. É ou não é compadre?
-Hum...É, Tenho que ir.
-Ei garçom, traz mais, mais uma cerveja que essa parece que veio vazia. Não Ande tão desanimado meu caro garçom. Pra você e pra todos os senhores, um viva à malandragem!


             Talbert Igor