quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O DIA SEGUINTE



Ontem, um outro foi lembrado
Através de cem anos com versos dinásticos
Hoje, quinta-feira, outro é marcado
Com a morte e com o selo do fantástico.

Vens moldando palavras pelo barro da natureza
Com partículas de aves e com o papel fecundo
Pois de simplicidade que surge oriundo da clareza,
A ave sai do ovo, o ovo é o mundo.

Este ano nos roubou mestres de diversas fases
Foi-se pela música, a literatura e tantas outras vertentes
E, que no caminho fomos perdendo algumas bases
De gigantes que espalhavam talentos resistentes.

Ah, Manoel de tantos voos pela infância
Que no mapa líquido que escorre pela cor de tinta
Fazendo o amanhecer e fabricando sorrisos com abundância
Mas que foi sucumbido num abafado 13 do dia de quinta.




Talbert Igor

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

SEM ANOS, PASSÁMO-NOS



A noite avança cintilante em nossas cabeças
E vamos ficando bêbados pelo tempo e pelo vento
Como se as lembranças que revivem do relento
Evocassem os amores abarcados em avarezas.

Somos dois corpos atravessando o espaço.
Sigo eu, observando aquela moça de outrora
E ela instigada pela figura distribuída em abraço,
Que oferece nostalgias na imaginação que se aflora.

Ela segue o seu instinto vitalício
Declarando não conhecer parte da escória
E pela experiência conseguida no artifício
Estamos nós, em palavras, remoendo a estória.

Eu falo do passado em passos conseguidos
Indo do ponto inerte para o ponto crucial
Ela observa, como quem se esquiva dos receios construídos
Corroendo gestos na distância temporal.

Somos resultantes de frases existentes
Em profecias mal resolvidas e ideais diversos
Que nas ações, nas escolhas e vertentes
Digo para que não sumas em pontos de microuniversos.

Pois, um dia, dentro de suas semanas
Entre um causo agudo e a acidez dum bom senso
Surgirá nos verbos ofensivos das entranhas
A fumaça ofuscante emanada pelo incenso.



Talbert Igor