quarta-feira, 12 de novembro de 2014

SEM ANOS, PASSÁMO-NOS



A noite avança cintilante em nossas cabeças
E vamos ficando bêbados pelo tempo e pelo vento
Como se as lembranças que revivem do relento
Evocassem os amores abarcados em avarezas.

Somos dois corpos atravessando o espaço.
Sigo eu, observando aquela moça de outrora
E ela instigada pela figura distribuída em abraço,
Que oferece nostalgias na imaginação que se aflora.

Ela segue o seu instinto vitalício
Declarando não conhecer parte da escória
E pela experiência conseguida no artifício
Estamos nós, em palavras, remoendo a estória.

Eu falo do passado em passos conseguidos
Indo do ponto inerte para o ponto crucial
Ela observa, como quem se esquiva dos receios construídos
Corroendo gestos na distância temporal.

Somos resultantes de frases existentes
Em profecias mal resolvidas e ideais diversos
Que nas ações, nas escolhas e vertentes
Digo para que não sumas em pontos de microuniversos.

Pois, um dia, dentro de suas semanas
Entre um causo agudo e a acidez dum bom senso
Surgirá nos verbos ofensivos das entranhas
A fumaça ofuscante emanada pelo incenso.



Talbert Igor

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