segunda-feira, 9 de novembro de 2015

TRABALHO DE GEOGRAFIA - CURTA



Esse curta foi produzido para a ACCS - Memória Social: audiovisual e identidades da Faculdade de Comunicação - UFBA.

O texto desse vídeo foi escrito por Pedro Ricardo Calábria Lins, quando este tinha 11 anos de idade. Foi feito como forma de avaliação parcial quando Pedro era estudante no ano de 1998, na cidade do Conde - Bahia.

CENTRO INTEGRADO DE EDUCAÇÃO DO CONDE.

Professora: MARCIA CORINA MENDES LINS.

Alunos: ALICIA DOS SANTOS, ARIANA SILVA, CAMILA BRITO DE SOUZA, DÉBORA SILVA SANTOS, ELINE SANTANA, GIOVANNA CARVALHO, MARIANA COSTA, TAÍS SILVA SANTOS, VANESSA GONÇALVES, REGIS WIVILSON, AGUIAR YTHALO MELO.

MEMÓRIA SOCIAL E IDENTIDADES: AUDIOVISUAL COMO TECNOLOGIA SOCIAL EM EDUCAÇÃO.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA/FACOM.

Orientador: LEONARDO REIS.

Equipe: AFONSO JUNIOR, ISADORA FURLAN, TALBERT IGOR.

Edição: TALBERT IGOR.

CONDE- BAHIA/2015.


terça-feira, 13 de outubro de 2015

TEMPONOLÓGICO




Adapto-me à questões existenciais,
Possuo a matéria e resquícios abstratos
Entre homens que sobrevivem de infinitos aparatos
Sou mais um dentre tantos outros animais.

O homem que sente necessidade de ser fera,
Impera entre os concretos e montantes submissos
Pois tendo uma fome de monstro promisso
Devora seus semelhantes e toda vida da terra.

Essa criatura apocalíptica que rasteja veementemente
Expelindo sua saliva ácida por praças e vilarejos,
Empondera-se da ganância de variados aparelhos
Entre pilhas científicas, virtuais e sonoras.

E que vive de forma pedante entre o vácuo das horas
Para deturpar vontades alheias às suas,
Esticando situações de caos entre todas as ruas
Para ter o controle dos semestres de outrora.




Talbert igor

terça-feira, 29 de setembro de 2015

GRILOS DO ITAPICURU





As piabas deslizam suaves em plena corrente
Da pedra grande de superfície musguenta
E o homem com chapéu de palha se lamenta
Por não capturá-las em seu aió recorrente.

O itapicuru que se estende por terras cipoenses
Reflete as mazelas dos que são explorados
Como o povo que ainda vive de pequenos bocados
Dos cabrestos da política panis et circenses.

Pobre de ti, ó rio de forma caudalosa
Desde a nascente que corre em curvas de s
Essa gente que não se importa e até se esquece
Apenas saqueiam suas areias de forma assombrosa.

Na parte mergulhada das suas águas impuras se esconde
Amontoados de aventureiros em banhos arriscados
Sob a sujeira que segue dos esgotos desgovernados
Que vem viajando desde Jacobina até a cidade do Conde.

Extingue-se a cada vez que subtraem a fauna-flora
E vives com uma pequena fatia de momento afetuoso
Pois nesse tempo com estridulação de grilo jocoso
Restou-te apenas a erosão que o seu solo devora.



Talbert Igor

sábado, 26 de setembro de 2015

CAMAÇARI: AQUI, ALÍ, ACOLÁ


Hoje,
a chuva 
crava 
chuviscos
chamativos
na alva memória
do teto de tua cabeça.

As tetas daquela moça
seguem atravessando a calçada,
sob a vigia de negros lupinos
e sob a proteção dum guarda-chuva
esverdeado.

Aquele outro cara,
abaixa a guarda
e um outro cara
lhe rouba a carteira.

Não existe calma,
alma,
amálgama,
ébano,
albino,
Albertos
nas ruas de Camaçari.

As coisas calorosas não existem nesse lugar,
pois as aves que aqui te bicam
jamais te bicaram acolá
(no interior das suas vontades).

A cama de Sarah o possuiu com uma acidez estranha
e os agrados de Ana,
enraizaram a realidade desse velho.

Sim, o mesmo degastado palhaço!

Seguindo por todos os lugares
e insistindo em ter o mesmo ar possuidor das cousas.

Almeja, como todas as pessoas desesperadas
acostumado a atirar-se em qualquer migalha.

Claro que sim, repetido mendigo!

Atravessas os dias entre os automóveis de Camaçari:
- ô boiada azul,
êita passada larga,
ê vontade reprimida.

Sonhas com:
1- lavadeiras e chapéus de palha.
2- caboclos quebrando cascalhos.
3- senhoras de lenços rezando novenas.
4- meninos bebendo água em pote de barro.

As persianas daquela janela soturna
escondiam os olhos curiosos da dona Veridiana.

A pele da Nelma inflama,
o berro vizinho lhe arranha,
a íris te chama
e, esquecido pelos próprios sonhos,
você segue esticado
num quarto dessa cidade
que não lhe agrada em nada.



Talbert Igor

terça-feira, 4 de agosto de 2015

ODE SOTEROPOLITANA



Demorei meses para reconhecer entre os concretos
Dessa geografia que se mistura em origem matriarca,
A magia da qual todos falam e que a todos abarca
E que é surpreendente através de movimentos discretos.

Pois sendo filho dum Pontal recheado de causos imagéticos
Demorei a me adaptar às suas calçadas e corredores,
Que se estendem entre corpos e segmentos interiores
Desse povo que transborda trejeitos magnéticos.

Ó fervorosa mãe dessa terra tupinambá!
A energia que pulsa das tuas veias frenéticas
E que descreve o delírio nas vontades proféticas
Deságua com a força sobrenatural no teu mar.

São Salvador que me repulsara as vontades de outrora
Vives como descreveu com detalhes o infernal Gregório;
Desde aquele tempo colonial de ar alucinatório,
És tudo isso por um costume e por uma hora.

Mas continuas a criar filhos iluminados para o mundo
E desenvolvendo o ritmo diário do seu caminhar
Capturas os olhos planetários no modo de se reinventar
Pelo charme da crença duma nação de amor fecundo.

Galopas em motocicletas e em tantos outros coletivos,
Se comunicando por paisagens que acalmam tantas cabeças
E ainda guardas forças para que o dragão da maldade padeça
Pois este lhe persegue com apetite feroz entre todos os vivos.

Vivo entre o mistério de tuas noites de clima temperado
Moendo planos com o fervor inocente que exala duma criança,
Fundo-me com o papel do futuro e a máquina da lembrança
Para acalmar o corpo que sucumbe ao relento do inesperado.




Talbert Igor

terça-feira, 14 de julho de 2015

ESPUMAS FLUTUANTES



Certa vez, um amigo de extremos graves
Emergiu das águas thermais em um estado casto
E vendo-se numa experiência de limite vasto
Atreveu-se a brincar de ser Castro Alves.

Era metamorfo em globos azuis e pele amarelada
Sendo coerente poucas vezes e no mais sonolento,
Acertava um ponto inimaginável em algum momento
Mas depois voltava com incoerência em passada alada.

Acordando no clima cinzento daquele dia,
Pôde sentir no corpo os mesmíssimos sinais
Entre as veias azuladas dos traços ancestrais,
A marca frágil do excesso ressoando agonia.

Desconhecia a proporção que experimentou
Tentando conciliar palavras cuspidas ao oceano  
E com ideias avulsas percorrendo-lhe o rosto plano
Já entre o líquido, o sólido e o gasoso contemplou.

Quem, dentre todos os soteropolitanos adaptados
Teria a esperteza rotineira de escolher entre jazigos
E escrever sobre olhos escaldantes e risos amigos
Pra depois disparar com os dedos para todos os estados?!

Pois naquela praia alva de Amaralina anáfora
Enxergarias a ferrugem se estendendo pela cidade
E que tu, adentrando as facetas psicóticas da idade
Fez-se livre com o peito a cuspir fumaça e metáfora.




Talbert Igor

sexta-feira, 10 de julho de 2015

AVE, TEMPUS (Una Viaticu)




I


Como uma invasão ou uma visita imprevista
Surge pela janela noturna uma mariposa
Debatendo-se em agonia rente a minha vista
No susto do momento, e no vibrato das cores, ela pousa.

Voa em certo espaço confuso e se depara
Com a cena de objetos reluzentes de doçura
Através do lençol das possibilidades em que ampara,
A matéria das incoerências alucinógenas de minha figura.

O corpo em reflexos trêmulos e de extremo gélido na decolagem,
E a tendência cósmica na música metálica que se estende numa Sitar
Fundem-se divinamente em simbiose de eras gerando uma passagem,
Concreta de mistérios oriundos dos milenares acordes de Ravi Shankar.


II


O tempo se escorre em passo lento
E essa gente que se afunda em areias escaldantes de ideias
Seguindo como quem tateia o vácuo ao relento
Esperando na agonia e a pronunciar uivos de alcateias.

A memória andou te traindo esses dias
Com o mesmo pássaro ciscando a mente torta
E aquele agudo de bicadas frias,
Martelando os tímpanos em batidas de porta.

Esse ruído de engrenagem a denunciar minha presença
E eu me pego regurgitando palavras para a criatura
Que sendo ave monstruosa se alimenta de desventura
Enchendo o papo de sentimento amargo e descrença.


III


Provo o sabor dessa experiência multicolor
E atinjo o ápice necessário dentro dum segundo
Para ver a íris e a marula em um momento fecundo
Que também é líquido pelas goladas frias em licor.

Essa sensação de conhecimento esotérico amiúde,
Chega derrubando as portas e espalhando o nevoeiro
Que me invade por instrumentos sonoros o corpo inteiro
Preenchendo as ambiências d´alma pelo dedilhado sútil dum alaúde.


Aquele turbilhão de flashes que já começa a se esvair
Como a pupila se contraindo em calmaria satisfatória
E eu começo a remoer as partes fragmentadas dessa trajetória
Encaixando as peças do jogo vitalício antes que possas partir.





Talbert Igor