terça-feira, 4 de agosto de 2015

ODE SOTEROPOLITANA



Demorei meses para reconhecer entre os concretos
Dessa geografia que se mistura em origem matriarca,
A magia da qual todos falam e que a todos abarca
E que é surpreendente através de movimentos discretos.

Pois sendo filho dum Pontal recheado de causos imagéticos
Demorei a me adaptar às suas calçadas e corredores,
Que se estendem entre corpos e segmentos interiores
Desse povo que transborda trejeitos magnéticos.

Ó fervorosa mãe dessa terra tupinambá!
A energia que pulsa das tuas veias frenéticas
E que descreve o delírio nas vontades proféticas
Deságua com a força sobrenatural no teu mar.

São Salvador que me repulsara as vontades de outrora
Vives como descreveu com detalhes o infernal Gregório;
Desde aquele tempo colonial de ar alucinatório,
És tudo isso por um costume e por uma hora.

Mas continuas a criar filhos iluminados para o mundo
E desenvolvendo o ritmo diário do seu caminhar
Capturas os olhos planetários no modo de se reinventar
Pelo charme da crença duma nação de amor fecundo.

Galopas em motocicletas e em tantos outros coletivos,
Se comunicando por paisagens que acalmam tantas cabeças
E ainda guardas forças para que o dragão da maldade padeça
Pois este lhe persegue com apetite feroz entre todos os vivos.

Vivo entre o mistério de tuas noites de clima temperado
Moendo planos com o fervor inocente que exala duma criança,
Fundo-me com o papel do futuro e a máquina da lembrança
Para acalmar o corpo que sucumbe ao relento do inesperado.




Talbert Igor

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