domingo, 21 de abril de 2013

SYD BARRETT - THE MADCAP LAUGHS (Um álbum artesanal e clássico)



(A minha preferida "Dark Globe").

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                                             (Syd Barrett - The Madcap Laughs, álbum completo.)



A CASA DO MEIO


Eu conheço um  homem moribundo
Seus olhos pulsam ao quente termal
Na penumbra dum corpo intumescido.
Acendendo seu cigarro compulsivo e distribuindo contradições
Ele apanha a garrafa de conhaque barato,
Caminhando para seu repouso esticado sobre duas estacas secas.
O som do rádio conta os aboios,
A manguaça de chocalhos sobre a terra.
Eis que ele distribui ordem
Uma após a outra
E quando se cansa das esferas
Ascende um outro tanto de palha.
É o senhor de sua desgraça
E suas ações resumem-se ao líquido,
Saliva, suor, sangue e álcool.
Eu conheço um homem moribundo
E essas palavras foram tão tolas
Quanto as suas ações.

 
              Talbert Igor

terça-feira, 16 de abril de 2013

VAPOR


Calos nos dedos e a fumaça sobe amarela lunática.
Descobri o poder das vírgulas,
Homens moribundos com olhares de caboclos
Rondando as esquinas em paralelepípedos.
Já fiz do resquício um traçado ao passado
E as retinas desses corpos sequem rotineiros.
Não espero que entendam tais baboseiras,
Mas que ao menos achem algum significado
Em letras e ares regionais.
Esvoaçando alguns passos de ideias,
O dia sobe avançando os quarteirões
E a terra sobe seca com o vento acinzentado
Enquanto eu observo nuvens através da janela do quarto
As figuras surgem em forma homogênea
Visando os indicadores da palma da mão.



Talbert Igor

sexta-feira, 5 de abril de 2013

BUCHANAN DE BODE (Uma Mangaba no Meu Pé de Sonho)




Não gosto de buchada, quiabo, maxixe e seus derivados.
O visgo do verde ao molho das vísceras com o desdém colorido,
Gosto do ouvido e os trovões que ele Clapton.
As palhas do coqueiro quando o vento dá
Ao silêncio dos umbuzeiros na caatinga pontalense.
Sexteto em cordas e mangueiras,
Telecaster do Buchanan aos 120 baixos de estradas do Gonzaga.
Sombra de algaroba espalhando espinhos de quixabeira escura,
Ladeiras e cruzeiro de massapé.
Folhas de velande repousando em galhos de cansanção,
Suco de mangaba ao blues de um dia cortante.


Talbert Igor

segunda-feira, 1 de abril de 2013

UM SALIERI A MAIS NA MADRUGADA SOTEROPOLITANA





A base de café e pulsando seus efeitos energéticos

Adentro a noite com certo espírito Salieristico

De quem observa as cenas, calado.

Armstrong trabalha seu som na quietude de uma noite dominical

Passo do Wonder ao calor em ar abafado

Chopin da à sobra do nono- último prego em Mi bemol

E a madrugada ressoa ao clássico.

Um Antonio com a demagogia gasta,

Palavras e olhares engaiolados por um córtex de olheiras

Mefistofélico Paganini corroendo as construções em Dó menor

Aracnodactilia cuspindo aos dedos, violino e as graças de Marfan. 

Amadeus ao desprezo de quadros parados

Sonata ao luar morto desse céu poluído

O relógio corre às três da manhã em ode à alegria.

A alvorada é doce e silenciosa

Enxergo aos olhos mortuários de Salieri

Canso-me de tantas bobagens recolhendo a carcaça.

Enquanto as aves despertam o astro,

Ravel e seu Bolero contam a história do fim do mundo.




Talbert Igor