sábado, 12 de janeiro de 2013

PRECE DE BAR (TEMPLO DE UM MANDRIÃO)



Carreguem para além dessa portas mofadas e direcionem os cascos ao líder dessa taverna.
''Vê tais corpos sedentos a rastejarem por toda cidade?
São as células que precisam respirar malte e petiscar outros passos em calçadas.''
Espalhe o doce veneno aos servos do templo e terás criado um desabafo de liberdade.
Eis que surge o salivar alcoolizado! E como dizia o sábio pé-de-cana:
-São as pequenas doses! UP IHIP TZSSS... São as pequenas que nos animam.
Entre mesas e cantos, há sempre um baderneiro querendo à atenção de todo o resto.
A este, o trigo é um peso esmagador e traiçoeiro.
Um homem levanta o dedo e pede por primeiro:
-Ei garçom, mais uma cerva gelada!
O homem encorporado por um par de botas segura seu jarro de espuma e palitando os dentes escuta o outro bota cuspir:
-Zé, seu pudim de cachaça! Pare de beber!
-Um homem não pode ser feliz ao menos uma vez na vida? Quero viver meus momentos líquidos.  Berrou o homem.
''Ao menos se tivesse mais algum dinheiro...''     O homem  pensou e teve uma ideia.
-Ei Tonho?
-Diga meu compadre.
-Pode me emprestar vinte mangos?
-Mas você nem me pagou o do mês passado... Não me venha com conversa nem calote não!
-Vamos lá meu compadre. É só dessa vez... Preciso matar minha sede. Ninguém escapa desse calor.
-É o calor... Te empresto só dessa vez. Semana que vem quero tudo na minha mão.
-Claro que sim Tonho. Você sabe que mora no meu peito. É ou não é compadre?
-Hum...É, Tenho que ir.
-Ei garçom, traz mais, mais uma cerveja que essa parece que veio vazia. Não Ande tão desanimado meu caro garçom. Pra você e pra todos os senhores, um viva à malandragem!


             Talbert Igor

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