(Imagem Jonata Silva)
Eu, senhor dos restos e sobras alheias,
Deixo-vos com toda sinceridade, ensinamentos de tropeços e
pegadas,
Dessas nossas ruas esburacadas,
A calçada que durante muito tempo me serviu de moradia.
Papelões, cobertores e sucatas.
O meu pobre cão, tão esquelético e raivoso...
A ardência dessas minhas entranhas famintas e vazias,
A mão necessitada que tu cuspias quando passavas apressando.
As moedas que me
lança e a indiferença com que me olhas,
Serei o monstro que criastes e aprendestes a odiar?
Devolverei os retalhos de bom-dia e as migalhas diárias,
Recorrendo aos blocos e carvões espalhados pelos cantos.
Escrevo palavras nesse muro condenado,
As palavras que ouvi de outra boca sedenta que eles sempre
tapam...
Mas não é sempre assim que acordamos dos lampejos de
conforto?
‘’Às vezes as rimas fogem,
Às vezes os versos nos escapam,
E sempre que olhamos para os lados...
Percebemos que a vida é um poema torto... ’’
Talbert Igor
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