(imagem Vicente Sampaio)
Quando muitos peregrinavam e poucos guiavam fios de multidões,
A terra era a esperança compartilhada por esses pés
descalços.
A estrada ofertava campos com sombras de nuvens
pinceladas...
Relâmpagos eram ouvidos sabiamente por folhas de toda uma
vegetação,
A chuva era sagrada e a crença iluminava as noites de
incertezas ferozes,
Quando por entre todos os barros, santos realizavam
milagres.
O peso de penas da Lavadeira misturava-se com a terra do bico do Cardeal,
A contradição do voar alaranjado do Sofrer e o ímpar raso do
azulão,
Tudo isso se foi com o entardecer de galhos e rastros dessas
tolas aves.
A procissão cortava o silêncio do povoado e os pés avançavam
adentro a velha capela.
-Cortem as raízes e arranquem os parafusos! Berrava a boca.
-Porque esperaremos a ferrugem? Perguntava os desatentos
ouvidos.
-Tudo isso é o que sempre fomos e não quebraremos as
regras... Suspirava o nariz.
Então corpo e partes criavam movimentos variados guiados por
desgastadas velas.
Palavras e palavras de toda uma oração,
Línguas de línguas... Sábias e populares,
Olhos de olhos de raros analfabetos.
-Rezem e peçam por dias melhores. Ordenava o líder dos pés.
Voltavam à estrada e seguiam por entre as pedras de
sentimento,
Entoavam frases compartilhadas e viam a mesma direção
esperançosa...
Seguiam no tempo em que os santos realizavam milagres.
Talbert Igor
Como sempre, retratando a realidade!
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