sábado, 10 de agosto de 2013

ALUMÍNIO


Estando na janela de um desses prédios antigos daquelas redondezas
Bem na janela do meio, 
Podem-se ver os pés sendo engolidos por calçadas idosas e por ruas agitadas.
Podem- se ver!
Os homens em seus detalhes despercebidos de rotinas.
Na feira, carregando caixas de verduras.
Em bares ou cuspindo no chão. 
Suas mulheres com olhares cozinhados para lojas,
Carregadas de crianças e verbos prontos para serem descarregados a qualquer momento.
Podem-se ver todas essas pessoas, 
Mas elas não podem ver muito além do que está próximo.
Passos do conhecido ao desconhecido de portas
Chegando ao túnel e depois o porto.
Outro homem foi atropelado juntamente com seu saco e alumínios.
Ainda um homem,
Vestido em sua pele escura 
E deixando adormecer todo seu instinto e revolta.
Às vezes esquecemos de que eles também são iguais a nós.
Alguns outros se aproximam criando uma grande massa
E essa engole aquela figura estendida no asfalto.
Mas acho que logo se cansaram do modelo.
Uns tantos outros caminham muito além com seus sacos e alumínios
Misturando-se aos concretos e automóveis 
Nos tamarineiros, nas sombras e nas massas de gente.
Nos becos e paralelepípedos,
Nas ladeiras dos nossos dias.



                         Talbert Igor


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