segunda-feira, 29 de junho de 2015

BAILE INSÔNICO DA MADRUGADA (Depois da Sessão de O Sal da Terra)




Lá fora a madruga dominical é sinistra e fria
E nesse quarto escuro a insônia me acompanha
Em uma dança de passada contorcida e medonha
Tendo como trilha sonora os ruídos da chuva e os assobios da ventania.

Meu pensamento se arrasta pesando uma tonelada
E até os pingos da chuva martelam a contagem da hora
Pois já estando com a pele áspera e a face amarelada
Não acho um só sono que me leve embora.

O corpo esticado reclama por não ser atendido
Pois a mente insiste em se manter acordada
E eu mudo de estratégia e retiro a cabeça afundada
Levanto entre o suor do travesseiro e modifico o pedido.

Então navego a esmo nesse colchão empoeirado
Tendo em cada olho uma espécie de lente fotográfica
E me sinto um peregrino percorrendo toda a África
Disparando fleches como fez Sebastião Salgado.




Talbert Igor

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