Há sempre alguém que se destaca mais no meio do bando. Esse alguém tem uma mania que é uma um tanto mais estranha do que a dos outros. Não há prova o suficiente para mostrar se isso realmente aconteceu, mas o causo é que o João Dôga em toda festa da padroeira é o primeiro da fila.
Na festa da padroeira da cidade, João Dôga ajudara desde os primeiros raios matinais, como era de costume, a organizar a festa na igreja que acontecia na missa da noite. Carregava enfeites e tirava a poeira das imagens de santos, sempre fazendo reverência a São Pedro toda vez que passava pelo altar.
Na festa da padroeira da cidade, João Dôga ajudara desde os primeiros raios matinais, como era de costume, a organizar a festa na igreja que acontecia na missa da noite. Carregava enfeites e tirava a poeira das imagens de santos, sempre fazendo reverência a São Pedro toda vez que passava pelo altar.
A noite finalmente chegara anunciando a hora da celebração para o povo que esperava ansioso. João Dôga foi uns dos primeiros da imensa multidão que preenchia os espaços da igreja, e logo que se sentou no banco de madeira, fitou em especial uma pequena cesta bem abaixo da imagem de São Pedro. Fitava e analisava como quem tinha planejado algo há algum tempo.
Logo o padre dava inicio ao ritual religioso. João Dôga rezava e cantava as músicas com um grande fervor que impressionava. Um amigo vendo aquela agitação chegou perto de seu ouvido e cochichou baixinho: “- Se você continuar rezando assim é capaz de que quando você chegar ao céu São Pedro abra as portas sem demora para que possas entrar!”.
João Dôga ria com o comentário do amigo e ouvindo o padre chamar os fiéis para poderem ofertar seus dízimos, reagiu, e em um movimento robótico, levantou- se do banco, seguiu firme a enorme fila para o altar.
Quando finalmente chegou a sua vez de ofertar, João Dôga ajoelhou-se frente à imagem de São Pedro e pronunciou por alguns segundos em voz alta para que todos ouvissem as suas palavras de fé. Foi quando a multidão na fila já estava impaciente, uma velha senhora cutucou seu ombro, pedindo para que ele desse o espaço para outra pessoa ofertar, pois a fila estava grande. João Dôga colocou a mão no bolso, pegou a sua oferta e já ia depositando sua quantia na cesta quando se virou para a senhora e ao mesmo tempo em que virou a cabeça sacou da cesta, em um golpe rápido e calculado, várias notas de dinheiro que foram para o seu bolso em um movimento uniforme. Ninguém notou o seu movimento com as notas.
João Dôga desceu do altar com um sorriso amarelo e logo depois voltou para o seu lugar no banco de madeira. Nem bem sentara, o amigo voltava a cochicharão em seu ouvido: “- O que você pedia de tão importante para ter demorado tanto?”.
João Dôga não demorou muito na resposta e disse com o mesmo sorriso amarelado:
-Pedia a São Pedro que quando eu morrer que ele me deixasse entrar no céu sem demora.
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